sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O CAFÉ DO MACAÍBA

Texto de Aloisio Guimarães

A Praça da Independência, na minha Palmeira dos Índios, é a maior e mais importante praça pública da cidade, onde, até hoje, está instalada a sede da Prefeitura Municipal.
Nela aconteciam os eventos mais importantes da cidade: a festa de Natal e Ano Novo, com seus parques de diversões; o Carnaval e suas famosas “maratonas”; os comícios de políticos; o desfile escolar no dia 7 de setembro (dia da Pátria); a feira livre da cidade (quartas e sábados)... Praça ampla, de formato retangular, arborizada (pés de Figo e Palmeira Imperial) e dividida em duas partes por meio de uma rua interna, onde ficava o ponto dos “carros de praça” (denominação que antigamente os táxis recebiam) e realizado o carnaval do povão, com suas maratonas.
Em uma das suas divisões existia um lindo coreto, de rara arquitetura e beleza, onde, na parte térrea, os engraxates ganhavam a vida enquanto que, na parte superior, eram realizados comícios e retretas.
Numa das edificações laterais da praça funcionava o "Bar do Macaíba", se é que podemos chamar uma simples instalação interiorana de bar.
Macaíba era um sujeito pardo, usava um bigode espesso e que gostava de passar os dias jogando damas (tabuleiro) no passeio público do seu bar.  Eram famosos os jogos de damas na calçada do Bar do Macaíba.
Pois bem... Era no Bar do Macaíba que a matutada dos sítios, nos dias de feira, tomava café e lanchava. Por despreparo ou por economia, o café (líquido) servido no estabelecimento era muito fraco, quase incolor e sem gosto. Todo mundo reclamava e Macaíba não dava a mínima.
Como o povo não perdoa, a população começou a usar o “café do Macaíba” como “Parâmetro de Controle de Qualidade”. Assim, durante anos a fio, em Palmeira dos Índios, quando alguém queria demonstrar que algo era muito ruim, péssimo ou de qualidade inferior, simplesmente dizia:
- Isso é mais fraco do que o café do Macaíba!
Anos atrás, a velha Praça da Independência, em nome da modernidade, foi totalmente modificada, inclusive, com a demolição do seu coreto! O ex-prefeito Helenildo Ribeiro, acreditamos que com as melhores intenções, mas contra a opinião pública, transformou a Praça da Independência em um Centro Comercial.
Hoje, o velho Macaíba já faleceu; o Centro Comercial construído na praça foi um fracasso.
Infelizmente, podemos resumir tudo numa única frase:
- Destruíram a Praça da Independência e construíram um Centro Comercial mais fraco do que o café do Macaíba!

4 comentários:

  1. Olá querido professor Aloisio,
    Talvez o senhor não lembre de mim, fui sua aluna de matemática no Guido e isso já tem(20 anos). Sou filha do Rui Fernandes, filho do sr. João Macaíba! Ficamos tão empolgados com a postagem do seu artigo sobre "A história do café do Macaíba", no Palmeira dos Índios das Antigas no facebook, porque pela primeira vez alguém lembrou dele. Nós sabemos que era algo muito simples, principalmente para os ricos padrões da época.
    Grata Érika Maria.

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    1. Érika,
      Claro que me lembro de você: cabelos à moda Chanel, loiros e lisos; magra, sentada na fila do canto... É evidente que sei quem é o teu pai. Peço desculpa a toda a sua família, pelo termo que usei e que vocês não gostaram. Ele foi colocado no texto no sentido figurado, justamente para dar ênfase à condição de simplicidade que o Hotel do Macaíba tinha e nunca no sentido de depreciá-lo. O termo já foi substituído.
      Fico feliz em receber notícias.
      Um abraço para todos vocês.

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  2. Querido professor Aloísio, agradeço de coração... meu pai pediu para lhe passar um "sorridente obrigado"!!! E isso nos deixou alegre. Pela lembrança que tenho do senhor,sentia que essa seria a sua postura. Ahh professor era simplesmente Bar do Macaíba, não era hotel, nem hospedaria e dormitório... :) Um forte abraço!!

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  3. Quer saber, se o café do Macaíba fosse de boa referência eu ficaria preocupado, porque café que se presa tem que ser polêmico. Se não for assim. Não é café. O povo tem que falar mal mesmo. Falar mal e continuar frequentando e bebendo aquele café tão mal falado, mas providêncial.

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