quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CRIANÇA DIZ CADA UMA!

Texto de Aloisio Guimarães

A revista MANCHETE, para quem não sabe, foi um sucesso editorial do passado, comparado atualmente à revista VEJA, sendo leitura obrigatória de todo brasileiro. Nesta revista, o médico, escritor, jornalista, dramaturgo e compositor Pedro Bloch escrevia a coluna “CRIANÇA DIZ CADA UMA!”, contando fatos pitorescos, tendo como personagem central a criança. O sucesso foi tão grande que as historinhas foram publicadas em livro.
Somente após escrever o causo “VOVÔ-GAROTO” é que me lembrei de um episódio semelhante acontecido com a amiga e engenheira Nina Kátia, figura bastante conhecida dos engenheiros e arquitetos, pelo trabalho que desenvolve no CREA/AL, além de ser engenheira da Secretaria Estadual da Saúde.
Certo dia, ao encontrá-la, perguntei-lhe:
- Nina, soube que você requereu a aposentadoria... Mas você é tão nova e já quer se aposentar?
- É verdade, Aloisio. Mesmo gostando dos meus colegas e do meu trabalho, chega um momento que o amor à família fala mais forte do que tudo, sem contar com os aborrecimentos dos salários baixos pela não valorização profissional da nossa classe...
E não é que ela está certa?
Agora, vamos ao causo:
Como não tem muito com quem brincar, a única opção de Liz (carinhosamente chamada de Lili), neta da Nina, é recorrer “aos serviços da vovó” para este fim.
Como toda criança brinca sempre sentada, Nina é obrigada a sentar-se também, para satisfazer os desejos da neta querida.
Certo dia, após brincarem durante certo tempo, a Liz se levanta e sai correndo ”na maior”! Como a idade pesa, principalmente depois dos 50, com a Nina, o ato de levantar-se é muito diferente: primeiro ela coloca as  mãos no chão, para apoio; depois, no sofá e, após se levantar com dificuldades, coloca as duas mãos “nos quartos”, todos doloridos. Isso tudo sem aquele tradicional “ai”...
Ao vê-la gemer, a Liz, toda aflita perguntou:
- O que foi voinha, tá doente?
- Não, Lili, é a voinha que tá veinha...
Após meditar um pouco, a Lili, com aqueles olhos azuis que Deus lhe deu, fita o rosto da Nina e procura confortá-la:
- Não, voinha, você não é veinha, não! Você é coroa...
Ouvindo esta afirmativa e “acreditando que criança não mente”, a Nina ficou toda feliz da vida!
Eu acredito que criança mente...

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