sexta-feira, 27 de abril de 2012

TORCIDAS ORGANIZADAS

Texto de Rubens Mário
  PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

No último sábado, antes, durante e depois do clássico CRBxCSA, foram reacendidos todos os problemas que há anos vêm causando, as chamadas, equivocadamente, “torcidas organizadas”: “Mancha azul” e “Comando vermelho” - a última, após várias interpelações do Ministério Público Estadual, simplesmente, mudou a sua razão social para: “Comando alvirrubro”. Como já era esperado e temido por todos, principalmente, pasmem! Pelas pessoas que não são adeptas do futebol, os “espetáculos” de selvageria mais uma vez se consumaram.
Num primeiro momento, pode até parecer estranho afirmarmos que as maiores vítimas foram pessoas alheias ao evento esportivo, mas, apesar das autoridades, infelizmente, ainda não terem diagnosticado, as arruaças são perpetradas fora do estádio, afinal, no interior do mesmo, a fiscalização é, até certo ponto, exagerada. Dentro do estádio, os maus elementos não têm às suas disposições, quaisquer tipos de armas, dispostas, facilmente, quando saem transtornados às ruas após o final do jogo; aí, ficam evidentes dois fatos: primeiro, a proibição da venda de cervejas dentro do Trapichão, não surte tantos efeitos; segundo, o objetivo das gangues não é o resultado do jogo, pois, as desordens são feitas, independente do time da cor da facção, ganhar ou perder. Fica bastante claro que os meliantes já saem das suas sedes devidamente entorpecidos e, lá dentro, conseguem usar mais drogas livremente - é óbvio que o  sujeito com um copão de cerveja fica bem mais visível que um outro com um cigarro de maconha, por exemplo.
Ao longo dos anos, quando dos  embates dos meliantes com os órgãos governamentais responsáveis pela segurança, temos observado, apenas, medidas empíricas e paliativas,  geralmente, desvinculadas de racionalidades; apenas, determinações impróprias, que servem, tão somente, para acirrar os ânimos das três partes envolvidas nos terríveis e descabidos conflitos; quando as duas facções e a policia militar se defrontam – em  algumas vezes, na entrada do estádio - também pela ausência de um melhor preparo de alguns policiais, os papéis se invertem, e as três entidades acabam se confundindo. Nesse último clássico, tomaram a equivocada decisão de proibir a entrada dos baderneiros com suas respectivas indumentárias! O resultado mais uma vez, foi desastroso! Daí, diante da inconstitucional “Lei do cacete”, utilizada por alguns maus policiais, o “justo acabou pagando pelo pecador”, já que, nesse momento, ninguém estava identificado! Logo, sobrou bordoada, balas de borracha e Spray de pimenta para “gregos e troianos”.
Qualquer cidadão, mesmo os desprovidos de uma inteligência elementar, sabe que as badernas em dias de grandes jogos, são realizadas fora do estádio e são perpetradas por elementos de várias idades, inclusive menores, aficionados das duas facções. Logo, o problema nasce bem longe do local do jogo, e, consequentemente, todas essas medidas e ações enérgicas no estádio, tornam-se sempre inconsistentes.
Enquanto não conseguirmos compreender que nenhum problema, principalmente, social, nasce e se prolifera do nada, teremos cada vez mais dificuldades para combatê-lo com eficácia. É praticamente impossível se tomar uma decisão, e depois se obter a resolução esperada, quando o problema já está estabelecido e, logicamente, os ânimos, tanto dos causadores, quanto dos combatentes, estão exaltados. Temos que entender que tomada de decisão e resolução de problemas são processos ligeiramente diferentes, mas que não podem ser dissociados.  A grande verdade, é que, quando não cuidamos da prevenção, não temos outro remédio no futuro, senão, a terrível e, invariavelmente, danosa repressão.
É fulcral esclarecermos que as genuínas torcidas organizadas devem fazer parte da beleza do espetáculo, com suas bandeiras, charangas, orquestras e seus cânticos de paixão ao seu clube; aliás, ainda temos esses tipos de grupos sociais, à exemplo da "CRB Chopp", ou da “Azulcrinante”, compostos por pessoas decentes e que, acima de tudo, se toleram e se respeitam.

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