sexta-feira, 12 de abril de 2013

QUERO O MEU FUTEBOL DE VOLTA

Texto de Aloisio Guimarães

Confesso que estou desiludido com o futebol brasileiro, diante dos diversos fatos que acontecem diariamente nos estádios de futebol. Apesar de gostar muito do esporte, faz muito tempo que não vou a um jogo, principalmente em dia de "classico".
- Ir para quê? Para correr o risco de ser agredido ou morto?
A coisa é tão séria que nos leva a indagar:
- Aonde é que vamos parar?
Entre várias aberrações e absurdos, no meu ponto de vista, é possível destacar:
1. É PROIBIDO DRIBLAR
Driblar, hoje, é sinônimo de desrespeito ao adversário, mesmo que ele seja “um verdadeiro perna-de-pau” (coisa que 99,99% dos jogadores atuais o são). É estarrecedor saber que esta tese é defendida por grande parte da mídia, formada por “jornalistas” que nunca viram jogar, entre outros, Pelé, Garrincha, Di Stefano, Puskas, Maradona, Rivelino, Jairzinho... Quem ousar driblar é ofendido e até agredido pelos “craques humilhados”. Estupefato, comprovo que tem jogador que fica muito mais ofendido com um drible que leva do que com um soco, um carrinho, um pontapé, uma cotovelada...
2. É PROIBIDO IR AO ESTÁDIO COM A CAMISA DO SEU CLUBE
Quem ousa ir a um estádio com a bandeira e/ou vestindo a camisa do seu clube de coração, correr sério risco de vida. E, se conseguir chegar ileso por lá, reze para voltar para casa da mesma forma! Os noticiários não nos deixam mentir. A violência de torcidas organizadas (não seriam “marginais organizados”?) é notícia corriqueira nos dias de jogos. O que é absurdo nisso tudo é que algumas dessas torcidas, que estão afastando as famílias dos estádios, são, segundo dizem, patrocinadas pelos próprios clubes e dirigentes, inclusive com a doação de ingressos para os jogos. Ultimamente, estão depredando os estádios, quebrando cadeiras, sanitários... E ninguém toma uma atitude enérgica.
3. É PROIBIDO RECONHECER A CAMISA DO SEU CLUBE
Antigamente, um torcedor de qualquer time, ao passar diante de uma televisão, identificava imediatamente, pelas camisas, quais os times que estavam jogando. Hoje, quase nenhum time brasileiro tem um padrão de camisa fixo, tornando-os irreconhecíveis, visualmente. Todo jogo usa um tipo de camisa diferente, imposta pelo o anunciante/patrocinador de plantão. Tem camisa de time de futebol com tanta propaganda que é difícil até de localizar o escudo da equipe. E tem torcedor, inocentemente útil, que a usa. E com orgulho! Hoje, qualquer criança brasileira reconhece com maior facilidade a camisa do Barcelona, do Real Madrid, do Liverpool, do Porto, do Benfica e do Boca Júnior, por exemplo, do que as camisas dos clubes brasileiros, inclusive a do seu time. Muito fácil: eles não mudam de padrão e, quando o fazem, mudam muito pouco! A minha camisa do "meu" Flamengo, não tem propaganda nenhuma, somente o escudo. Não sou outdoor ambulante para sair, desfilando pelas ruas da cidade, fazendo propaganda de ninguém. E de graça! Chapéu de otário é marreta.
4. É PROIBIDO FORMAR CRAQUES
Os jogadores passaram a ser propriedade de empresário e não dos clubes! Que clube vai investir em um atleta se o “dono dele” é o empresário Fulano de Tal? Resultado: total ausência de craques promissores e, consequentemente, a formação de equipes medíocres. Vem aí a Copa do Mundo no Brasil. Quem você apontaria, dentre os jogadores brasileiros em atividade, como provável craque nessa Copa? Ninguém! O Neymar há muito deixou de jogar bola, se preocupando muito mais com o cabelo. Esta semana mesmo, ele saiu vaiado de campo pela torcida do Santos, o seu clube.
5. É PROIBIDO TER ÍDOLOS
Hoje, é comum o seguinte diálogo:
- Carlos, vamos ao jogo no domingo? Quero ver se o Paulinho, esse centroavante novo do Perna-de-pau Futebol Clube, está comendo a bola como dizem.
- Que é isso, Aloisio? O Paulinho já foi embora... Ontem, o seu empresário vendeu “seus direitos federativos” ao Picareta Futebol Clube.
Nenhuma atividade sobrevive sem ídolos, principalmente o futebol que, para o torcedor, é paixão!
6. É PROIBIDO SABER A ESCALAÇÃO DO SEU CLUBE
Antigamente, todo torcedor sabia a escalação do seu time e as dos times adversários. Hoje, ele nem a sabe ao menos metade do elenco de seu clube. Lógico, os times mudam de jogares toda hora. Jogadores com Ryan Giggs que tem mais de 800 jogos pelo do Manchester United é coisa rara.
7. É PROIBIDO FAZER GOLS DE CABEÇA
Com a complacência de juízes, que medrosamente fazem vista grossas para os agarrões dentro da área, fingindo que estavam olhando para o outro lado, com medo de marcar pênaltis, é praticamente impossíveis gols de cabeças nas jogadas de escanteios e faltas nas proximidades da linha de fundo. Nessa hora, é mais cômodo marcar falta do atacante. A mídia vê tudo isso e cala; a Comissão de Arbitragem faz de conta que nada acontece.
8. É PROIBIDO PROGRAMAR SUAS IDAS AOS ESTÁDIOS
As partidas de futebol deixaram de ser uma um jogo de campeonato para fazer parte da Grade de Programação da rede de televisão, que comprou os direitos de transmissão do campeonato. Resultado: tem jogo todo dia, nos mais diversos horários e só começam quando o diretor da TV ordena, não importando se o babaca do torcedor vai chegar cedo ou tarde em casa..
9. É PROIBIDO DAR ESPETÁCULO
Pelos comentários de muitos entendidos, que criticam a supremacia de uma equipe sobre outra, as partidas de futebol tem que ser mecânicas. Nada de espetáculo, nada de olé... Pelo visto, quem quiser assistir espetáculo que vai ao sambódromo ou coisa parecida. Mané Garrincha? Nunca mais! As maravilhosas tabelinhas Pelé/Coutinho; o entrosamento da dupla Dudu/Ademir da Guia; o timaço do Flamengo, de Andrade, Adílio e Zico; o Cruzeiro de Tostão, Piaza e Dirceu Lopes; o Internacional de Figueroa e Falcão. Ninguém quer mais.
10. É PROIBIDO JOGAR 90 MINUTOS NUMA PARTIDA DE FUTEBOL
a. Os gandulas e as bolas somem, quando o time da casa está vencendo os jogos.
b. Todo jogador, do time que está ganhando, quando vai ser substituído, cai em campo, simulando contusão, forçando a entrada do médico e massagista e depois do carro-maca, com o único intuito de paralisar demasiadamente o jogo e ganhar (roubar do público) alguns minutos do tempo;
c. Todo goleiro, do time que está ganhando, sabendo que o goleiro tem o direito de ser atendido em campo e também com a finalidade de ganhar tempo (roubar do público), simula contusão em qualquer jogadinha boba na área. Todo mundo sabe, todo mundo vê e ninguém faz nada.
d. Demora-se para cobrar escanteio, faltas, tiro de meta...
O interessante é que, quando jogam na Europa, os atletas brasileiros não fazem cera nenhuma. Lá o público não admite ser enganado no tempo de jogo, mesmo que seu time esteja ganhando apenas de 1x0. Eles pagaram para ver 90 minutos de bola rolando e exigem esse tempo. Quando voltam para o Brasil, esses mesmos jogadores voltam a fazer tudo de novo.
Na minha burrice, grito aos quatro cantos:
- Alô PROCON, o consumido paga para assistir 90 minutos de futebol e só está recebendo 60 a 55 minutos! Onde fica o Direito do consumidor? Porque vocês não exigem cronometragem oficial, como em outros esportes?
Sinto saudades de ir ao estádio e sentar ao lado do torcedor do time adversário (ambos vestidos com a camisa do clube do coração) e, após o jogo, nos cumprimentarmos alegremente.
Sinto saudades das “humilhações” de Mané Garrincha nos seus marcadores.
Sinto saudades das jogadas geniais de Pelé, Maradona, Rivelino... Admiradas até pelos seus adversários e marcadores.
Sinto saudades dos juízes respeitados, fazendo valer a “lei do jogo”.
Sinto saudades do uniforme do meu time, que vestia com orgulho.
Sinto saudades...
- Quero o meu futebol de volta!

2 comentários:

  1. Jovem professor, não quero nada disto que vossa excelência Quer. Quero:

    Que o povinho Brasileio tenha vergonha na cara e não se deixe ser tão surrupiado com tanta corrupção.
    Quero vê as escolas públicas cuprindo o seu vardadeiro papel de escola com educação de primeiro mundo.
    Quero acabar com os politicos corruptos e verdadeiros lacráios da nossa sociedade imbecil.
    Quero que as empresas públicas deixem de serem cabides de emprego para os oportunistas e corruptos.
    Quero que os engenheiros Cívis cumpra o seu papel de engenheiro e não bajule o chefe para subir na sua função. Seja um engenheiro de vergonha
    quero que os engenheiros cívis fiscalize as obras como devem serem e não aceitar propina e participar da corrupção.
    quero que os verdadeiros chefes de repartições públicas sejam os verdadeiros funcionários de carreiras concursados e competentes e não por apadrinhamento político como vem ocorrendo nas empresas públicas.
    Enfim quero que o povinho brasileiro tenha muita e muita vergonha na cara e deixe de ser pilantra em certas ocasiões só para levar vantagem em tudo.
    tenho mais coisas que gostaria de colocar, mais
    por enqunto acredito que estas são suficientes para um bom entendedor.

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  2. O Futebol brasileiro, já era!!! O que temos hoje é o futebol
    global, fifal, da cartolagem; pura e simplesmente isso.
    Futebol e Escola de Samba são meros negócios e
    negociatas pra inglês ver ...

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