quarta-feira, 21 de agosto de 2013

QUANDO SER FELIZ?

Texto de Lêda Mello

Gosto de conversar com pessoas idosas. Na cultura oriental há um lugar privilegiado para os velhos, na família e na sociedade. As pessoas costumam consultá-los, ouvi-los e escutá-los. Sabem onde está a sabedoria que vem da experiência. No ocidente, não é costume valorizar a experiência acumulada por uma vida. Em função desse modo de pensar, as pessoas perdem oportunidades valiosas de aprendizagem. Se prestassem atenção nas histórias que eles contam, errariam menos e acertariam muito mais.
É na reta final do caminho que é feita a avaliação da viagem. Nesse ponto, tem-se a consciência do que, realmente, valeu a pena ser vivido. Escuto deles, com frequência: - "Se eu pudesse começar outra vez, faria diferente." ou: - "Como eu queria ter outra oportunidade!" Não me lembro de haver escutado de um idoso que, numa outra oportunidade, faria diferente qualquer coisa relacionada com bens, posição social e poder. As lembranças estão sempre no que foram ou deixaram de ser na vida.
Correndo em busca de valores ilusórios, a maioria dos seres humanos passa, apenas, pela vida. E tudo isto é muito rápido, cumulativo e exigente.  Não há tempo para apreciar, interiorizar, saborear a paisagem. A medida do "ter" não tem fim porque é feita de insatisfações. Quando se consegue ter algo desejado, logo se deseja substituí-lo por outro considerado melhor. Sempre querendo mais, mais, mais... Uma verdadeira luta sem fim. Na avaliação final, as pessoas concluem que viveriam sem a maioria desses bens e que teriam vivido muito melhor. Na reta final, não há lamentos pelo que não se possuiu, mas pelo que se poderia ter sido e não se foi.
Pode-se comprar outra casa ou outro automóvel, mas não se pode comprar o primeiro sorriso de um filho, a valsa que não se dançou, o pôr do sol que não se viu, o amor que não se viveu... São momentos únicos. Não se repetem e quem os perde não mais os terá de volta. O amor de águas profundas que se deixou passar enquanto se estava com os olhos voltados para a superfície, o aconchego da família, o lazer com os amigos, aquela viagem que foi sendo protelada e que acabou não se realizando... O que se deixou de viver porque se estava ocupado demais com "coisas" mais sérias ou  mais importantes. Se você ainda tem tempo, se a sua história ainda não está sendo contada na reta final, dê-se um tempo. Um tempo de reavaliação. Você não pode recuperar o que perdeu, mas poderá construir um novo tempo e escrever uma nova história para a sua vida, permitindo que o amor seja o tema central do enredo. Amando-se a si mesmo, amando-se muito e bem, a taça transbordará e banhará com amor todos os recantos da sua vida.
O sucesso é ser feliz!

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