domingo, 26 de junho de 2016

FUTEBOL BRASILEIRO COM "S"

Texto de Luiz Ferreira da Silva
ENGENHEIRO AGRÔNOMO E ESCRITOR

A seleção brasileira de futebol tem que retirar o “Z” e colocar o “S” de BRASIL. Ou seja, prestigiar os que aqui labutam em seus clubes. E vou tentar desenvolver esse mote.
Os jogadores que prestam serviços aos clubes estrangeiros têm uma vida nababesca e, logicamente, um compromisso profissional com seu patrão, colocando-o em primeiro lugar, dando todo o seu suor e sacrifício pelos bônus auferidos.
Dentro desta concepção, a sua Pátria, mesmo inconscientemente, é o seu time no país a que se aloca. A maioria deve assim pensar, o que não é errado e não merece condenação.
De repente são convocados para defender o Brasil, com “S”. Na cabeça deles, com “Z”. Até o Hino Nacional, que são obrigados a cantar, deve soar esquisito, especialmente aos que estão muitos anos fora, acostumados a ouvirem outros louvores patrióticos.
Primeiramente, a adaptação, seguida da preocupação com seu clube de origem, voltada a se preservar e evitar contusões, pois seu patrimônio não é aqui e, ademais, tem responsabilidade com seu patrão lá fora.
Há ainda a questão técnica. Arraigadas na sua cabeça as orientações de seu técnico, que, inclusive, deve lhe orientar sobre o seu compromisso de retornar são e salvo, defronta-se com outro “professor”, pedindo-lhe para jogar assim e assado e não amarelar. Em outras palavras, dar sangue, invocando a bobagem chamada “Pátria de Chuteiras”. E, agora, deve raciocinar: como proceder?
Vendo a seleção jogar, convenci-me dessa realidade ou indicativo dela. Basta se fixar em apenas dois jogadores, como exemplos - Neymar e Daniel Alves - e começar a raciocinar nessa evidência discutida. A Pátria deles se chama Barcelona. Que Brasil, que nada!
Com base nesse contexto, atrevo-me a esboçar uma ideia sobre a seleção que chamo de “Seleção Brasileira de Futebol com S”. A prioridade seria a prata da casa. Os jogadores que aqui suam com a inclusão paulatina de jovens promessas para irem adquirindo cancha. Este grupo se reuniria a cada 2 meses, dentro de um calendário estipulado pela CBF, para treinamento e conscientização profissional, incluindo um jogo em um Estado contra um combinado local. No esquema, estaria convites a seleções de fora e excursões internacionais, sobretudo África e Ásia.
Não seriam descartados totalmente os “estrangeiros”, sobretudo em eventos, importantes como as eliminatórias e a Copa do Mundo, mas com uma avaliação rigorosa no que se refere ao perfil de engajamento profissional. Haveria o inverso do atual selecionado, com o contingente, maiormente com “S”.
Muitos vão argumentar: não temos plantel; faltaria experiência internacional; não temos técnicos competentes, etc.
É muito comum, em países subdesenvolvidos, sobretudo quando estão em baixa, olharem para cima e verem monstros sagrados. No futebol, isso é uma máxima. Neste momento, os Europeus são os caras e, os técnicos deles, gênios.
Vamos imaginar ou sonhar como futebol brasileiro organizado, disciplinado e de cunho empresarial. Com pessoas qualificadas e honestas. Ao invés dessa atual cúpula, pessoas como Zico, Tostão, Raí, Cafu e outros no comando da CBF. Em tais condições, o Técnico teria carta aberta para poder desenvolver o seu trabalho, sem interferência dos famigerados empresários e midiáticos, podendo escolher a sua equipe e sem a neura da demissão intempestiva. E dessa forma, vários profissionais vão ser tão eficazes quanto aos Guardiolas da vida.
No tocante ao nível dos nossos jogadores nem se compara com os estrangeiros. Os alemães - coitados - têm que se lascarem chutando umas mil vezes para aprender a bater bem na bola. A gente, não, é só incutir o sentimento profissional com ênfase na disciplina e consciência do dever.
Vai levar um tempinho. Mas tem que se acabar com o imediatismo e ter projetos clarividentes, não havendo outro caminho que não o futebol-empresa com o consequente elevado índice profissional. É assim que acontece em outras atividades humanas e o futebol, como tem provado os Europeus, não foge dessa realidade.
Maceió. Al, 16 de junho de 2016.

Um comentário:

  1. Correto! Nossos jogadores, que ganham altas cifras lá fora, em clubes de primeiro escalão, não estão nem aí para a SELEÇÃO. Atuam sem nenhuma emoção, sem amor à camisa. Eles têm que ser esquecidos e aqueles que lutam por aqui devem ser promovidos, pois assim irão se esforçar para dar o melhor de si e... (TALVEZ) o Brasil saia desse marasmo.

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