domingo, 28 de maio de 2017

EM DEFESA DOS CACHORROS

Texto de Luiz Ferreira da Silva
ENGENHEIRO-AGRÔNOMO E ESCRITOR

É uma febre a criação de cachorros em apartamentos, sem a mínima condição de vida, consentânea à natureza da espécie. Não só se comete um atentado contra a sua saúde, bem como se descaracteriza o animal.
Quem já se viu um cachorro sofrer de estresse? Trancafiado em diminutos cômodos, sem se movimentar, fazer xixi nos postes, paquerar uma cadelinha, ou vice-versa, correr pelos becos e enfrentar desafetos, sofrem por dentro e por fora, com constantes visitas ao veterinário.
Sim, nesse ambiente almofadinha, até com roupinhas ridículas, não desenvolve a sua proteção orgânica, ficando vulnerável às doenças, fragilizando-se.
Um meu conhecido, que cria um pastor alemão em seu apartamento de um   pouco mais de 100 m², contou-me que quando leva o cachorro para passear, depois dele "suplicar", tem um problema sério no retorno. Ao sair, é uma alegria só - corre, pula, balança o rabo, brinca. Mas quando pressente a volta, vira uma fera literalmente, não querendo retornar àquele ambiente hostil à sua vida animal, perdendo o humor e latindo com as pessoas, necessitando medidas drásticas de contenção.
Isso diz tudo: o crime que se comete com a criação de cachorros em apartamentos. Numa casa, com espaço adequado, a coisa é diferente.
Eu me pergunto onde se encontra a Sociedade protetora dos animais? E as ONGS ambientalistas? E as Secretarias municipais, mais preocupadas com suas carrocinhas de capturar cães desgarrados?
Ninguém se pronuncia; diz um ai sequer. Por quê? Possivelmente, pela força do comércio com lucros vultosos: criadores, indústria de ração, clínicas veterinárias.
Tudo tem um meio termo. É preciso encontrá-lo, colocando no epicentro da questão, o principal interessado - o animal. Digo, o racional; é claro, o cachorro.

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