quarta-feira, 8 de novembro de 2017

EXAME DE DNA

Texto de Aloisio Guimarães

Esse causo, forte e verídico, foi repassado por uma testemunha ocular do fato. Para evitar problemas, o nome da cidade onde o mesmo ocorreu será trocado para Santana do Ipanema, cidade encravada no alto sertão e interior do estado de Alagoas.
Vara de Família da cidade de Santana do Ipanema. A juíza da cidade, com toda a autoridade e respeito que o cargo lhe oferece (o povo das pequenas cidades do interior do Brasil ainda morre de medo dos juízes e promotores), pressiona um matuto a assumir a paternidade de uma criança. Após várias tentativas em vão, ela começa a bradar, em voz alta, para que todos na sala a ouvissem e tivessem certeza da sua autoridade:
- Vai, seu cabra! Assuma de uma vez que o filho é seu!
- Né meu não, dotôra...
- É sim! Se você não confessar logo, mando lhe prender e lhe dar uma pisa!
- Mas, dotôra juíza, num é meu não...
- É sim senhor! Você saiu com a moça várias vezes e fez o que quis! Ouviu, bem? Fez o que bem quis, diversas vezes, e agora diz que o filho não é seu?
- Dotôra, quem peste disse isso a sinhora, dotôra?
- Foi ela, a mãe da criança...
Então, diante da declaração de tão importante "testemunha", o matuto respondeu alto, para que todos da sala também ouvissem, deixando a juíza de “saia justa”:
- É mintira dela, dotôra! Nóis só saimu um veiz e assim mermo só cumi o cu dela...
Pronto, lascou tudo! Desse dia em diante, todas as audiências de verificação de paternidade em Santana do Ipanema são realizadas às portas fechadas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário