quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SANDUBAS

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Alguns anos atrás, aquilo que para o proprietário de uma lanchonete na histórica cidade de Penedo, interior de Alagoas, era uma estratégia de marketing, para o Comandante da Polícia Militar na cidade, era uma ofensa à sua Corporação: batizar os sanduíches da casa com as patentes da Polícia Militar.
Afinal, entendeu o militar, não ficaria bem alguém chegar à lanchonete e pedir:
- Quero um "Coronel mal passado"...
Ou sair de lá dizendo:
- Acabei de comer um Sargento!
A lanchonete oferecia alguns lanches com o nome de  "Comandante" (um prato com calabresa frita), "Coronel" (filé com presunto) e assim por diante. O prato mais caro, lógico, era o "Comandante".
A brincadeira foi demais para o parco humor dos militares, que dizem que os nomes dos pratos provocavam chacotas e insinuações contra os policiais entre os moradores da cidade de 60 mil habitantes.
O comerciante foi preso e os cardápios da lanchonete foram recolhidos para avaliação.
Na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência e, face ao tumulto havido, a casa comercial fechou durante algumas horas. Como o delegado de plantão entendeu que não havia motivo para prisão, o dono da lanchonete foi liberado horas mais tarde.
O dono da lanchonete, diz que não teve nem tem nenhuma intenção de brincar ou ofender a Corporação.
- O cardápio - garante o dono da lanchonete - pretendia ser uma homenagem à hierarquia militar.
O comerciante contratou um advogado para entrar com uma denúncia, por abuso de autoridade, contra o comandante local da PM e uma ação reparatória, por dano moral, contra o Estado de Alagoas.
Nela, vai salientar que não existe nenhum texto legal que impeça um restaurante de incluir, no seu cardápio, "Lula à milanesa", "File à cavalo" ou "Coronel mal passado", etc.
O advogado pediu habeas corpus preventivo para evitar outra detenção de seu cliente. A peça sustenta que se o argumento do Comandante fosse válido, nenhuma festa de criança poderia ter "Brigadeiro". Como se sabe, "Brigadeiro", além de ser a mais alta patente da Aeronáutica, é também o nome do docinho obrigatório em aniversário de crianças.
- Aqui, comer Brigadeiro, pode; comer Coronel, não pode! - ironizam os advogados da cidade.

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