quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

AULA DE DIREITO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES 

Uma manhã, quando nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Como te chamas?
- Chamo-me Juan, senhor.
- Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o desagradável professor. 
Juan estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos nós estávamos assustados e indignados, porém ninguém falou nada. 
- Agora sim! - exclamou o professor, perguntando - Para que servem as leis?
Seguíamos assustados, porém, pouco a pouco, começamos a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
- Não! - respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
- Não! Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota. 
- Até que enfim! É isso, para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?
Todos nós começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, que mais? - perguntava o professor.
- Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem...
- Ok, não está mal, porém, respondam a esta pergunta: agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?
Todos nós ficamos calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não! - respondemos todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!
- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las?  Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!  Vá buscar o Juan - disse, olhando-me fixamente.
Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito: Quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.

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